Por que o Natal é celebrado em 25 de Dezembro?

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O dia exato do nascimento de Cristo não está registrado nos evangelhos canônicos ou apócrifos, mas sua relevância é demonstrada por diversos milagres associados a esse evento. Entre esses milagres, estão a concepção de João Batista, a concepção milagrosa de Jesus, a aparição da estrela aos reis magos, o anúncio dos anjos aos pastores e os sonhos proféticos de José.

A teoria mais aceita historicamente para a escolha da data do Natal baseia-se em uma vasta quantidade de documentos antigos. Essa teoria sugere que as datas de 25 de dezembro e 6 de janeiro surgiram a partir de cálculos feitos por estudiosos antigos utilizando o calendário judaico. Segundo o Evangelho de João, a crucificação de Jesus ocorreu na véspera da Páscoa, o que corresponde ao dia 14 do mês de Nissan no calendário judaico. Esse dia, 14 de Nissan, equivale ao dia 25 de março no calendário gregoriano.

Além disso, uma antiga tradição cristã sustenta que Cristo foi concebido no mesmo dia de sua crucificação, ou seja, em 25 de março. Esse dia também é conhecido como a Anunciação, em referência ao momento em que o anjo Gabriel anunciou a Maria que ela daria à luz o Filho de Deus. Com base em uma gestação de nove meses exatos, Jesus teria nascido em 25 de dezembro. Santo Agostinho reforça essa ideia ao afirmar que “Nosso Senhor foi concebido no oitavo dia das calendas de abril, no mês de março, o qual coincide com o dia 25 de março, o dia da paixão do Senhor e de sua concepção”.

Essa conexão entre o 14 de Nissan e o 25 de março é bem documentada na história cristã, com autores como Júlio Africano e Hipólito de Roma, dos séculos II e III, confirmando essa interpretação. A teoria do cálculo também justifica a origem da outra data de Natal, 6 de janeiro, que deriva de um ajuste semelhante do calendário judaico para o calendário grego, usado na parte oriental do Império Romano. No calendário ocidental, 6 de janeiro é celebrado como o Dia da Epifania, comemorando a visita dos reis magos. Para os cristãos orientais, entretanto, o 6 de janeiro marcava tanto o nascimento quanto a manifestação de Cristo (Theofania).

Com o tempo, a Igreja Ocidental consolidou todas as celebrações relacionadas à concepção de Jesus em torno do ciclo do Natal, que inclui o Advento, o Natal, a Epifania e o Batismo. No entanto, as tradições orientais mantiveram focos em duas datas distintas: 25 de março e 6 de janeiro.

Suposta origem pagã

Uma outra teoria, amplamente popular, sugere que o dia 25 de dezembro foi escolhido para substituir e ressignificar antigas festividades pagãs com festas cristãs. Esse processo de cristianização, que ocorreu à medida que o cristianismo se estabelecia no Império Romano, pode ter envolvido a adaptação de celebrações locais, como a Saturnália e o festival do nascimento do Sol Invicto, conferindo-lhes um novo significado cristão.

No entanto, essa teoria enfrenta desafios importantes. Não há registros documentais dos primeiros séculos que vinculem a celebração do Natal a festividades não cristãs, o que é uma grande limitação. A primeira sugestão de uma conexão com festividades pagãs surgiu apenas no século XI, através de um comentário feito por Dionísio Bar Salibe, que tinha uma visão tendenciosa devido a uma disputa sobre a data correta do Natal.

Outro problema é que a data e a duração da Saturnália variaram ao longo do tempo, o que enfraquece a teoria. Além disso, a coincidência entre o Natal do Sol Invicto e o solstício de inverno levanta a possibilidade de que os cristãos tenham escolhido o dia 25 de dezembro não por causa de uma associação direta com o deus Sol romano, mas devido ao simbolismo cósmico do solstício.

Por fim, é importante observar que, por muito tempo, 25 de dezembro e 6 de janeiro foram datas concorrentes no Império Romano, o que destaca a complexidade da origem da celebração do Natal e as incertezas que cercam a teoria da cristianização.


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